Região

Obras entre a Guarda e Cerdeira do Côa dão início à modernização da Linha da Beira Alta

Escrito por Luís Martins

Empreitada de renovação integral de 14 quilómetros de ferrovia foi adjudicada à Teixeira Duarte e tem um prazo de dez meses

A modernização da Linha da Beira Alta vai arrancar no troço Guarda-Cerdeira do Côa, cuja empreitada foi consignada na sexta-feira à Teixeira Duarte por cerca de 8,7 milhões de euros. A obra tem um prazo de dez meses e consistirá na renovação integral de 14 quilómetros de ferrovia.
O auto de consignação foi assinado na estação da Guarda, onde também foi lançado o concurso público para a modernização do troço Pampilhosa-Santa Comba Dão, que inclui a construção da ligação ferroviária entre a Linha do Norte e a Linha da Beira Alta, denominada de Concordância da Mealhada. Esta intervenção vai motivar o encerramento total da via durante nove meses e custará cerca de 66 milhões de euros. Presente na cerimónia, o ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, referiu-se ao início da beneficiação da Linha da Beira Alta como sendo «uma grande oportunidade para o desenvolvimento da Guarda e da Beira Interior», pois a ferrovia é o «meio de transporte do futuro». O governante acrescentou que o investimento neste setor é «uma das maiores apostas» do Governo porque é «também para as pessoas, para o turismo e não apenas para as mercadorias».
Na Guarda esteve também o coordenador europeu para o Corredor Atlântico, o italiano Carlo Sequi, que recordou que Portugal obteve 500 milhões de euros de financiamento comunitário para 17 projetos e que a modernização da ferrovia está atrasada, pelo que o nosso país poderá ter que devolver dinheiro à União Europeia e até perder fundos do novo quadro comunitário. Um cenário que, para Pedro Nuno Santos, não se coloca: «Estamos a trabalhar a todo o gás para recuperar os atrasos e cumprir o “deadline” que a UE nos impôs para concluir o Ferrovia 2020, que é 31 de dezembro de 2023, e não perder um cêntimo», disse o ministro aos jornalistas no final da cerimónia. O titular da pasta das Infraestruturas justificou este problema dizendo que «Portugal perdeu capacidade de engenharia, de projeto, desde a crise financeira e ainda não recuperou a capacidade que tinha».
Por sua vez, o presidente da Câmara da Guarda considerou que a obra consignada «é um grande projeto para a Guarda, para o país e também para a Europa» e recordou o ministro do projeto do terminal ferroviário a instalar na cidade, onde vão confluir as linhas da Beira Alta e Beira Baixa. «Há muitos anos que almejamos esse projeto, que é fundamental para fixar pessoas, empresas e gerar desenvolvimento», disse Carlos Chaves Monteiro. O edil também não esqueceu o protocolo celebrado com a Infraestruturas de Portugal para a construção da variante da Sequeira e de novas infraestruturas rodoviárias na zona da estação guardense. O ponto da situação foi feito por Carlos Fernandes, vice-presidente da IP, segundo o qual a gestão do terminal ferroviário está novamente em processo de concurso. «Esperamos adjudicar este terminal dentro de poucas semanas para o ter novamente em operação», afirmou o responsável aos jornalistas. Já a melhoria das ligações rodoviárias continua em fase de projeto, que «estamos a trabalhar com a Câmara da Guarda para o ter concluído de forma a que integre também a empreitada global da Concordância das Beiras».

Troço Guarda-Covilhã da Linha da Beira Baixa concluído no primeiro semestre de 2020

O ministro das Infraestruturas garante que o Governo está a «trabalhar» para recuperar os atrasos verificados na conclusão da modernização da Linha da Beira Baixa, entre a Guarda e a Covilhã.
«A obra está em curso», disse Pedro Nuno Santos, enquanto Carlos Fernandes, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal acrescentou que «as perspetivas apontam para que a empreitada possa ser concluída durante o primeiro semestre do próximo ano». O responsável adiantou que só «poderemos avançar a sério na Linha da Beira Alta» quando este troço ficar pronto. «Tendo em conta que é uma alternativa à Linha da Beira Alta, a conclusão do troço Guarda-Covilhã é indispensável para que as obras de modernização naquela via arranquem», afirmou Carlos Fernandes aos jornalistas. Inicialmente, a ligação entre as duas cidades, que inclui a construção da Concordância das Beiras, deveria estar finalizada antes do final deste ano e representa um investimento total de cerca de 77 milhões de euros, 52 milhões dos quais respeitantes à obra física. O troço de 46 quilómetros está fechado desde 2009 e a sua modernização foi consignada em março de 2018.

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