Um ano a cinzento…

Escrito por Henrique Monteiro

O que esperar e recear de 2020?

O INTERIOR volta desafiar personalidades, autarcas, políticos, empresários, sindicalistas, jornalistas e dirigentes associativos a partilhar a sua opinião sobre o novo ano, bem como as suas aspirações, preocupações e anseios. Um trabalho dividido em vários textos, que serão publicados durante o mês de janeiro.

Prever é uma espécie de adivinhação. Adivinhar não é tarefa fácil, a não ser que sejamos possuidores de informação que torne este ato uma simples ação de lógica dedutiva, que some factos e modos de agir já conhecidos.

As previsões são muito usadas na meteorologia, dão-nos indicações sobre o estado do clima, e são igualmente muito usadas na política, onde todas as manifestações da vida em sociedade são fortemente condicionadas pelo clima político de cada momento. O clima é elemento comum na meteorologia e na política.

E o clima político dos tempos mais próximos é mais do que previsível. Quando fazemos uma previsão costumamos pintá-la, umas vezes a cores, onde o próprio colorido dá uma visão positiva daquilo que adivinhamos para o futuro, outras vezes cingindo-nos ao preto e branco. As imagens a preto e branco são monocromáticas, mas nem todas as imagens monocromáticas são a preto e branco. Não querendo ser catastrofista e não podendo fazer previsões coloridas para o ano que agora se inicia, ficar-me-ei por um prognóstico monocromático a cinzento para os tempos que se avizinham.

E digo cinzento porque vamos continuar a ter um governo inclinado à extrema esquerda, que se diz de contas certas, mas que não diz que acerta as contas com o dinheiro que tira da algibeira dos portugueses para pagar as contas do Estado, deixando cidadãos e empresas em dificuldades para pagar as próprias contas.
Dito de outra forma, a carga fiscal é tremenda e vai continuar a aumentar, basta olhar para a linha orçamental. A fiscalidade brutal será para alimentar o excedente orçamental e não para impedir o executivo de continuar a gerir mal.

Assim sendo, os serviços públicos vão continuar a colapsar. Na Saúde, a falta de médicos, enfermeiros e meios técnicos vai agravar-se e cada palavra da esquerda em defesa do SNS será mais um prego espetado no caixão de um sistema de saúde público em agonia acelerada.

Na educação estamos em vias de diplomar o analfabetismo, enquanto a insegurança recrudesce nas escolas, hospitais, quartéis de bombeiros e em todo o tipo de espaços públicos, sem que as forças de seguranças vejam garantidos os meios mínimos necessários para exercerem as suas funções.

A extrema esquerda vai continuar a apresentar-se como uma caricatura de si própria, numa versão de dama de honor do Governo e vestindo o seu traje orçamental.
A nível local, vamos continuar sem o prometido Regulamento para Gestão do Parque Arbóreo, desconhecedores do epílogo da novela em torno da localização do Centro de Exposições Transfronteiriço e com uma economia em definhamento. Enquanto isso, os candidatos já marcam terreno, escolhem pistas e acotovelam-se para ver quem corta a meta das ambições pessoais em primeiro lugar.
Entretanto choveu e não devemos ter falta de água, apesar de o Noéme continuar sujo.

* Presidente da Distrital da Guarda do CDS-PP e deputado municipal

Sobre o autor

Henrique Monteiro

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