Opinião CUF de Luís Maduro: Cancro da mama: o papel da Radiologia na deteção precoce

Escrito por Luís Maduro

O cancro da mama é o mais comum entre as mulheres e a sua incidência tem aumentado. Contudo, os avanços científicos das últimas décadas, sobretudo na deteção precoce através de exames de diagnóstico, permitiram reduzir significativamente a mortalidade (a taxa de cura ultrapassa os 95% em estados iniciais). No Mês de Alerta para o Cancro da Mama torna-se ainda mais importante sensibilizar para a vigilância dos sinais da doença e para a necessidade de realizar os exames recomendados, garantindo um diagnóstico precoce e um acompanhamento adequado.
A mamografia é o exame de imagem de referência para a avaliação da mama. A Sociedade Europeia de Imagiologia Mamária (EUSOBI) recomenda a sua realização periódica entre os 40 e 50 anos e os 70 e 75 anos. Em Portugal, o rastreio populacional consiste numa mamografia bienal entre os 45 e os 75 anos.
Apesar da sua eficácia comprovada, a mamografia tem limitações, nomeadamente relacionadas com a densidade mamária. Esta é classificada de A a D, sendo os tipos C e D considerados de elevada densidade, nos quais existe uma maior dificuldade na deteção de lesões e um risco superior de cancro da mama. Nestes casos, podem ser recomendados exames complementares para uma avaliação mais completa como, por exemplo, a tomossíntese, uma versão mais avançada da mamografia, que revela uma melhor taxa de deteção de cancro neste tipo de mama.
A ressonância magnética, uma outra alternativa possível, é considerada o método com melhor desempenho diagnóstico, tendo sido recomendada pela EUSOBI no controlo imagiológico da elevada densidade mamária (tipo D). Apesar de não ser utilizada de forma generalizada, representa um importante avanço na avaliação personalizada do risco individual.
A ecografia é a solução mais consensual e acessível, sendo amplamente indicada e eficaz em todo o tipo de densidades, quando utilizada como complemento à mamografia. A ecografia é aconselhada, a partir dos 40 anos, sempre em complemento à mamografia e não isoladamente, pois tem menor acuidade diagnóstica e possibilidade de falsos negativos. Esta recomendação foi emitida pela EUSOBI em 2018 e validada pela Ordem dos Médicos em 2021. Estes pareceres realçam ainda que a mamografia e ecografia devem ser realizadas no mesmo dia e pelo mesmo radiologista, sendo a mamografia o primeiro exame a efetuar, idealmente com estudo comparativo, orientando a ecografia conforme as alterações e a densidade mamária.
Resumindo, o risco individual de cancro da mama pode variar consoante cada mulher, segundo fatores familiares e genéticos, estilo de vida ou densidade mamária. O seguimento imagiológico personalizado, em detrimento de um modelo uniforme, pode ser benéfico em determinados casos. É, assim, essencial o aconselhamento por parte de um médico especializado na área da mama, para definir a melhor estratégia individual.

* Radiologista no Hospital CUF Viseu

N.R.: Esta secção é uma colaboração mensal do Hospital CUF Viseu, na qual os seus profissionais partilham conselhos e dão dicas sobre saúde.

Sobre o autor

Luís Maduro

Deixe comentário