O conceito de que a origem da vida na Terra foi o resultado de uma evolução biológica existe desde tempos remotos, embora não se conhecesse pelo nome de evolucionismo. Os gregos Anaximandro, Empédocles, Demócrito e Epicuro apresentaram a teoria de que apareceram o Sol, a Terra, a vida e finalmente o ser humano sem referência a nenhuma intervenção divina.
Por volta de 60 a.C., Lucrécio escreveu no seu “Tratado sobre a Natureza” que o desenvolvimento dos organismos vivos ocorria em várias fases, começando com a colisão dos átomos no vácuo até ao surgimento das primeiras plantas e animais, os quais, por sua vez, evoluíram para seu estado atual.
Com o aparecimento das primeiras universidades no início da Idade Média, a Europa passou a ter acesso aos textos clássicos. O contacto com o mundo árabe trouxe à tona os manuscritos gregos, que tinham sido traduzidos para o árabe e, posteriormente, foram novamente traduzidos para o latim.
Desta forma, a Europa medieval teve acesso às obras de Platão e Aristóteles. Filósofos cristãos, como São Tomás de Aquino (1224/5-1274), combinaram a classificação aristotélica com as ideias de Platão sobre a bondade divina e a potencialidade de todas as formas de vida, criando um sistema que organizava os seres vivos numa estrutura conhecida como escala natural. Embora a cadeia dos seres não seja um antecedente da evolução, a ideia de graus de complexidade deu impulso a algumas reflexões de Lamarck.
A “scala naturae” (escala natural), defendida por filósofos como Pedro Abelardo e São Tomás de Aquino, era uma ordem hierárquica que classificava todos os seres, do mais inferior ao mais superior, com Deus no topo e o inferno na base. A humanidade ocupava uma posição intermédia, entre as almas e os corpos, e os vermes eram os seres mais baixos. Cada elo da cadeia representava uma espécie, e nenhuma espécie podia mover-se de uma posição para outra.
Na versão cristã do universo platónico-aristotélico, as espécies eram imutáveis, e desrespeitar o seu lugar na cadeia era considerado pecado, pois devia-se respeitar a ordem divina. A progressão era contínua, com seres de um elo sendo semelhantes aos dos elos anterior e seguinte, refletindo uma natureza sem saltos, o que influenciou o pensamento ocidental por séculos. Esse conceito sustentou o argumento teleológico, que, segundo São Tomás de Aquino, apontava para uma inteligência superior como a causa última da ordem. A cadeia dos seres tornou-se a base da biologia nos séculos XVII e XVIII, especialmente após a sua reformulação evolucionista por Bonnet.