No momento em que escrevo, ainda não passaram 24 horas desde que Trump tomou posse e o mundo já está totalmente na mesma. Quer dizer, na mesma, na mesma, não está, porque até antes de Trump tomar posse, as condições atmosféricas mudaram radicalmente, e dos dias gloriosos de sol democrata passámos às sombrias chuvas republicanas.
Pode acontecer, no entanto, que o leitor não chegue nunca a ler esta crónica, porque no tempo que medeia a escrita e a publicação podem acontecer catástrofes naturais, guerras mundiais ou uma grande desilusão por constatar que o Elon Musk ainda não começou a vender apartamentos em Marte.
O novo projecto para a América é essencialmente um projecto cromático. A Terra Verde (Gronelândia, em inglês, é Greenland), o Planeta Vermelho (Marte), a Ameaça Amarela (a China) e a Pílula Azul (o Viagra, que proporciona virilidade artificial a Donaldan e os seus Musketeiros).
O mundo pode estar à beira de uma guinada, de concretizar a já velha canção – tem quase 40 anos – dos R.E.M., «É o fim do mundo como o conhecemos». Sejam o tecnofascismo de Thiel e Musk ou a nova bruma íntima lançada por Cristina Ferreira com o nome Pipy, temo que nunca nada será como antes. Leitores mais ansiosos perguntam, “estás a esquecer-te das ambições imperiais dos russos e dos chineses, ó grandessíssimo vesgo badocha?” Calma, que isso não é verdade, que até perdi algum peso durante as festividades natalícias e adquiri lentes novas.
Esses desejos da Rússia e da China não são nada de novo, andam nisso há séculos. Queira o leitor ter atenção que escrevi anteriormente sobre coisas novas que podem assombrar a vida na Terra – ciborgues e fragâncias. São ambos artificializações para melhorar a performance da natureza humana. Pipy é a versão ginecológica do tecnofascismo. É o ginofascismo.
* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia