O lugar da igualdade de género na sociedade moderna

A igualdade entre homens e mulheres é um dos principais objetivos da União Europeia (UE). Reconheço termos ainda muito caminho a percorrer para o alcançarmos plenamente, apesar dos esforços constantes de gerações. É urgente, por isso, garantir que as lutas travadas por quem nos precedeu têm os resultados esperados e que a Europa dá o exemplo, aplicando a legislação antidiscriminatória que já existe.
Apesar de tudo, em média, as mulheres continuam a ganhar 16% menos do que os homens na União Europeia e sentem maior dificuldade em alcançar cargos de chefia, tanto nas empresas como na política. A sociedade do século XXI não pode continuar a tolerar este desequilíbrio e deve agir para o contrariar. Um sinal de que as mentalidades estão a querer mudar é que 90% dos europeus considera inaceitável que as mulheres recebam um salário inferior ao dos homens quando exercem as mesmas funções. A Comissão Europeia está empenhada em reforçar a igualdade de género através de um plano de ação concreto com mais de 20 medidas que têm por objetivo pôr fim às disparidades salariais entre homens e mulheres e facilitar o acesso destas últimas a lugares de topo.
Pretende-se, nos próximos dois anos, melhorar o respeito da igualdade salarial e reduzir o efeito penalizante dos cuidados familiares que recaem, tradicionalmente em muitas sociedades, na mulher. As diferenças salariais entre géneros devem-se, muitas vezes, ao facto das mulheres trabalharem em setores menos bem pagos, de serem menos promovidas ao longo das carreiras e de interromperem mais vezes a carreira profissional por motivos familiares. Apesar dos progressos dos últimos anos as diferenças continuam a ser notórias: desde 3 de novembro que, simbolicamente, as mulheres da União Europeia deixaram de receber pelo trabalho que fazem, quando comparado com os homens.
Para contrariar esta tendência temos de incentivar todos os níveis de gestão, privados ou públicos, a adotar medidas concretas para melhorar a igualdade de género nos processos de tomada de decisão. A Comissão Europeia está a fazer tudo ao seu alcance para envolver todos os setores da sociedade neste esforço. Governos, empresas e sociedade civil têm de se empenhar mais nesta batalha que só dignifica o mundo em que vivemos. Todos temos de trabalhar para garantir que vivemos num espaço cada vez menos discriminatório e cada vez mais inclusivo, sem esquecer que a independência económica das mulheres é a sua melhor proteção contra a discriminação e até contra a violência.

* Chefe de Representação da Comissão Europeia em Portugal

Sobre o autor

Sofia Colares Alves

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