Informação e eleições

A campanha eleitoral está na rua. Os comícios já não são o que eram, mas as máquinas partidárias bem oleadas ainda conseguem mobilizar militantes e seguidores às centenas. Ainda bem, porque as eleições, mesmo que resultado de ciclos legislativos interrompidos antes do tempo, são sempre uma festa. Uma festa de vitalidade democrática, de debate plural, de discussão sobre programas e opções, de escolhas e caminhos políticos e ideológicos.
Dos debates, retemos que a conduta de Montenegro e a Spinumviva (que nos levou a eleições) continua a ser mais importante do que qualquer proposta sobre o futuro de Portugal e, como se o país estivesse isolado do mundo, não se falou da guerra na Ucrânia ou em Gaza, ou sobre Trump, a nova ordem mundial, a guerra comercial com as novas tarifas alfandegárias e as consequências para o mundo e para Portugal, o clima, o ambiente, a agricultura, a Europa, a coesão territorial… Mas percebemos que a doutrina Mortágua contaminou toda a esquerda, promovendo a inveja de classes e o nivelar tudo por baixo – em vez de acabar com os pobres é preciso acabar com os ricos…
A imprensa é um dos pilares da democracia. Nos períodos eleitorais a sua relevância é ainda mais efetiva, pelo acompanhamento informativo, mas também pelo contributo para a divulgação da mensagem política, a aclaração e debate plural das ideias e projetos dos candidatos. É a comunicação social que escrutina e faz o contraditório, que informa e questiona, que analisa e comenta, que contribui decisivamente para o melhor esclarecimento dos eleitores.
A imprensa regional é o parente pobre da comunicação institucional em Portugal. O muito dinheiro público investido na promoção das eleições legislativas, nomeadamente no Direito de Antena e na igualdade de oportunidade para todos os candidatos vai todo para as televisões e rádios nacionais. A imprensa regional é marginalizada. As rádios locais não recebem um tostão. A APR, a principal associação de rádios, sugere mais uma vez o boicote às eleições; o boicote aos partidos; o boicote aos políticos.
Mas se é certo que a única forma de mostrar o nosso descontentamento às várias forças políticas seria não fazer qualquer cobertura dos atos eleitorais que se realizam este ano, a nossa obrigação é informar sobre as principais incidências da campanha e das eleições – sabemos que, apesar dos nossos parcos recursos, temos o dever e o brio jornalístico de tudo fazer para levar a melhor informação aos nossos leitores.
Assim, e para lá do trabalho diário, o jornal O INTERIOR promove esta sexta-feira, dia 9, com a Rádio Altitude e o NERGA o grande debate distrital com os cabeças de lista dos partidos com assento parlamentar e que vão concorrer às próxima legislativas, que também será transmitido pela rádio Antena Livre, de Gouveia; e no dia 15 fará, no estúdio da Rádio Altitude, um debate com os cabeças de lista dos três partidos que elegeram deputados em 2024: Aida Carvalho (PS), Dulcineia Catarina Moura (AD) e Nuno Simões de Melo (Chega). O nosso compromisso é com o jornalismo, com a liberdade de imprensa, consigo que nos lê e apoia. E é com o serviço público, por isso não faremos qualquer boicote eleitoral.

Sobre o autor

Luís Baptista-Martins

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