Contrariando a trajetória que mantém desde 2019, o Instituto Politécnico da Guarda – IPG registou uma quebra significativa do número de alunos colocados na 1ª fase do Concurso Nacional de Acesso 2025. O recuo demográfico português faz com que haja menos jovens no secundário e, este ano, os exames que estavam suspensos desde a pandemia da Covid-19 regressaram, diminuindo em seis mil os candidatos ao ensino superior face aos anos anteriores. As universidades e politécnicos mais penalizados são do interior, um deles o IPG.
O que vale a pena discutir é isto: mereceu o Politécnico da Guarda este resultado? O IPG assistiu passivo às circunstâncias que levaram a este desfecho? A resposta é “não”! O IPG alcançou em 2024-2025 os 3.500 alunos, um crescimento notável em seis anos.
Desde 2019, contrariando a década anterior em que não entrou em funcionamento uma única licenciatura, o Politécnico da Guarda inovou na sua oferta formativa, tentando chegar a novos públicos. Só no ano letivo 2024-2025 foram candidatados dez novos ciclos de estudos, quatro deles em parceria com a UNITA – Rede de Universidades Europeias, uma aliança que une instituições de ensino superior de Espanha, França, Itália, Roménia e Portugal, que têm em comum a localização em zonas transfronteiriças e de montanha. Foram submetidas quatro licenciaturas, quatro mestrados, dois doutoramentos.
No âmbito desta Rede de Universidades Europeias temos já em funcionamento um mestrado em Sistemas de Informação Geográfica. As propostas para os doutoramentos foram possíveis porque o Politécnico da Guarda se transformou num centro de investigação com capacidade. Quatro dos seis centros de investigação em que participa foram classificados este ano com ‘Muito Bom’, um deles criado de raiz na Guarda e só com investigadores próprios. Outros dois estão classificados com “Bom”. Estas seis unidades dão acesso a um financiamento superior a 2,5 milhões de euros.
O IPG viu igualmente aprovados projetos de investigação científica e desenvolvimento tecnológico de valor significativo. O Laboratório Colaborativo para a Logística viu aprovado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) um financiamento de 1,3 milhões de euros, que falta receber.
As escolas do IPG têm aberto novos Cursos Técnicos Superiores Profissionais – CTeSP, novas licenciaturas e mestrados. Só a Escola Superior de Turismo e Hotelaria, em Seia, disponibilizou seis cursos de CTeSP. O objetivo é que vários estudantes prossigam os seus estudos no IPG e concluam a licenciatura. Alguns mestrados são muito inovadores, funcionando em regime de B-Learning, com parte das aulas lecionadas à distância e em horário pós-laboral. Estas formações têm aproximado empresas, instituições e profissionais de referência nos respetivos setores, promovendo parcerias muito importantes que, no futuro, se traduzirão em mais estudantes nos diferentes ciclos de estudos do IPG.
Uma instituição de ensino superior que, numa região transfronteiriça de baixa densidade, está a fazer tudo isto, não merece o golpe que recebeu na 1ª Fase das colocações de 2025. O Politécnico da Guarda tem-se distinguido no debate nacional, através da intervenção pública e de artigos em jornais de referência, com propostas concretas para reverter a diminuição de novos alunos colocados.
A comunidade IPG vai continuar a fazer o seu melhor em prol dos jovens portugueses e estrangeiros que o escolheram para estudar. E continuará a contribuir para a inovação e o desenvolvimento da região da Guarda e para o equilíbrio e coesão territorial do país.
* Presidente do Instituto Politécnico da Guarda


