Opinião de Daniel Lucas: Entre a fé política e os pimentos padrón

Escrito por Daniel Lucas

A Guarda ganhou. O povo escolheu e reconheceu a candidatura, a coligação PG – Pela Guarda, com mais ambição, mais coragem e, acima de tudo, muito coração. Sérgio Costa tem agora quatro anos de muito trabalho pela frente. Anos em que terá de justificar a confiança recebida: concluir obras, pôr em marcha outras e projetar novas, capazes de tornar o concelho mais atrativo, moderno e habitável, um lugar onde se queira voltar, ficar e, sobretudo, ter saudades.
É uma tarefa desafiante. Muita da cultura enraizada terá de ser moldada, especialmente entre os que, nos últimos meses, repetiram o refrão do desânimo “tudo está mal”, “esta cidade é fraca, feia, fútil, fechada”… Credo! Que falta de ambição e de amor-próprio. A Guarda é tudo o contrário disso, é um território de gente trabalhadora, hospitaleira, de vales e montes generosos, de uma natureza viva e de um património que respira história e futuro. Só se exige uma coisa: bom senso.
Sérgio Costa, outrora “Sérgio, o Conquistador”, será agora “Sérgio, o Repovoador”, guardando a continuidade de quem quer devolver à cidade o direito a merecer o seu foral. O tempo o dirá naturalmente.
Relativamente aos outros candidatos, num breve apontamento e sem pretender fazer análise política, deixo apenas duas notas: A coligação “Guarda com Ambição” (PSD/CDS/IL) não devia ter ido a jogo com sangue na guelra e truques de feira. Na Política não vale tudo, nem ataques pessoais disfarçados de opinião. Estratégia mal montada. Deixando projetos ou propostas em segundo plano. Ainda assim, para a Junta de Freguesia, reconheço que Chaves Monteiro teve mérito ao conquistar terreno para o burgo laranja, soube ocupar a tempo o seu espaço e as suas palavras; O PS, por sua vez…, nem sempre o ditado “água mole em pedra dura” se confirma. Apesar de alguma renovação estética e de um discurso mais polido, faltou-lhes essência e toda a renovação precisa de juntar seniores e novatos, experiência e frescura. Também salientar que, ainda, não se ganham eleições pelas redes sociais, mas foram fortes na imagem!
(A partir daqui são pequenas probabilidades de um futuro próximo, é ficção ou talvez não…)
Após uma profunda reflexão, António Monteirinho decide continuar. Afirma que tem «condições para prosseguir» e garante quatro anos de trabalho. Vê-lo-emos em festas e romarias, caminhadas e inaugurações e a chumbar todas as decisões políticas. Ninguém, por enquanto, quer enfrentá-lo. Porém, o próprio PS (sobretudo nacional) precisa de se reinventar, de se reformar, estrutural e filosoficamente, se quiser recuperar a alma que perdeu.
No PSD a coisa complica! Fica sem vereadores, do PSD, entenda-se! Fica sem oposição à coligação NC/PPM. Salvé Carlos Chaves Monteiro! Será a única oposição na Assembleia Municipal, mas os “rurais”, como tantas vezes foram apelidados, não o reconhecem como seu par e tentam silenciá-lo… sem grande sucesso! Empolgado pela vitória pessoal e moral, sente ter todas as condições para reassumir a concelhia e, quem sabe, a distrital. Tenta! Mas o partido não vai nessa cantiga. Internamente, perde espaço para os mesmos de sempre. Entretanto o Governo cai. Montenegro não aguenta mais! Há regressos! Mas, até nesse espectro as coisas complicam, as boas (e más) línguas garantem que houve conversas com Sérgio Costa; outros juram que não. Entre rumores e negações, a cidade continua a sua vida.
Com a maioria instável na Junta de Freguesia, Chaves começa a tecer alianças à esquerda. O diálogo inicial é bem recebido, mas rapidamente cansa as hostes laranjas e, de repente, lá se vai a confiança política.
No entanto, há boas notícias: o PS, num movimento inesperado, resgata Chaves Monteiro como candidato à Câmara. Ele aceita! Monteirinho, uns dirão por humildade, outros porque não quer sair de cena, lá o temos, desta vez candidato à Junta de Freguesia da Guarda a convite do candidato a presidente da Câmara Chaves Monteiro.
Chega o dia das eleições. Chaves Monteiro surge pelo PS.
Do outro lado, uma nova coligação surge “PG-Pela Guarda e Mais Alguns” (Nós, Cidadãos + PPD/PSD), liderada por Sérgio Costa. Uns ficam eufóricos; outros, com cólicas políticas, lamentando o regresso ao centro-direita e outros pela posição ideológica.
Mas, como nos pimentos padrón, “unos pican y otros no”.

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Daniel Lucas

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