1. Começaram na segunda-feira os debates com os candidatos à Presidência da República. Serão 28 debates televisivos, com todos, para conhecermos o candidato à sucessão de Marcelo Rebelo de Sousa.
No primeiro debate, percebeu-se que André Ventura precisa do palco, de todos os palcos, para alimentar a sua tribo. As sondagens não lhe têm sido favoráveis e repete “ad nauseam” as expressões ruidosas, xenófobas e de achincalhamento. António José Seguro, com serenidade, elevação e civilidade, explicou que «não é por falar mais alto que resolve os problemas». Evitou a berraria e não resvalou para o lamaçal para onde o líder do Chega o queria levar: a conversa da tasca. Seguro sabe que é ao centro que se ganham as eleições e evita assumir o seu lugar de candidato socialista, mas respondendo com argumentos de esquerda – se se assumir como o candidato socialista, os demais candidatos da esquerda acabarão por desistir e Seguro passa à segunda volta. Mas sabe que, para ser eleito Presidente da República precisa de votos do centro, da social-democracia e de todos os socialistas – e este será o calcanhar de Aquiles de Seguro, muitos socialistas “nunca” votarão no candidato de Penamacor.
2. Em 1986, Mário Soares venceu Freitas do Amaral e os dois eram figuram máximas da “jovem” democracia. Em 1996, Jorge Sampaio ganhou por 200 mil votos a Cavaco Silva e, ainda que com o país dividido, sabíamos que eram duas personalidades ímpares e a quem era reconhecida dimensão para ocupar o cargo de Presidente da República. Dez anos depois, em 2006, o país sabia que Cavaco Silva iria ser eleito, tal como sabia, em 2016, que Marcelo Rebelo de Sousa venceria.
Ao contrário das anteriores eleições presidenciais, nas próximas não há uma personalidade destacada e com uma popularidade e reconhecimento claro para ser eleito como o mais alto magistrado da nação. Provavelmente, nunca como nas próximas presidenciais há tanta incerteza sobre quem poderá ser o escolhido (talvez em 1976, quando Ramalho Eanes acabaria por se afirmar de forma evidente). Inclusive quem poderá passar à segunda volta. E se a emergência do Almirante Gouveia e Melo, num determinado momento, parecia ter um enorme apoio popular, já se percebeu que esse momento passou, como as sondagens confirmam, e a popularidade pode não ser suficiente sequer para passar à segunda volta. Mesmo a popularidade de Marques Mendes, com anos de televisão e exposição na vida política, não dá ao antigo presidente do PSD notoriedade e reconhecimento para ser percecionado como presidente da República.
3. A Guarda vai entregar no dia em que comemora o 826º Aniversário do Foral da cidade o Prémio Eduardo Lourenço a D. José Tolentino de Mendonça. Será um momento maior da vida da cidade. José Tolentino de Mendonça é um poeta e teólogo de referência e é uma personalidade singular da Igreja e da vida nacional. Atualmente é prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação, na Cúria Romana, no Vaticano. O prémio Eduardo Lourenço reconhece figuras de importância na cultura e pensamento ibérico, e a sua atribuição a Tolentino de Mendonça em 2025 sublinha a sua relevância no âmbito do pensamento ibérico e português, integrando a sua obra poética e teológica nesse contexto. O Cardeal madeirense deu-nos a mais fascinante e profunda reflexão sobre os caminhos da amizade, em “Nenhum Caminho Será Longo”, como disse Frederico Loureço, enquanto refletia «para uma teologia da amizade».


