Semana banana

É sabido que as propostas e decisões feitas por socialistas são naturalmente bondosas, mesmo quando são exactamente iguais a outras vindas de não-socialistas, essas sim, terrivelmente odiosas. No entanto, a BNS (bondade natural socialista) consegue ainda espantar-me. Os cordões humanos que defendiam Coliseus e maternidades mudaram-se agora para um prédio em Viana do Castelo. Para defender os moradores? Não, em nome da BNS, o cordão humano está lá para convencer os moradores a sair. Talvez se os habitantes do prédio Coutinho viessem de barcos do Mediterrâneo ou em artigos da Fátima Bonifácio, caísse o Carmo e a Trindade antes de cair fosse o que fosse em Viana do Castelo. E muito provavelmente, o director do “Público” haveria de pedir desculpa por ter deixado a caixa das bolachas destapada.
Na Grécia, a direita moderada ganhou as eleições e acabou finalmente o governo do Syriza apoiado pelos nacionalistas do Aurora Dourada (não confundir com “chuva dourada”, essa é a coligação que elegeu Trump). Curiosamente, alguns jornalistas deram conta esta semana que o Aurora Dourada era um partido neonazi.
Em Bruxelas, um tipo que já foi a sombra de Sócrates foi eleito vice-presidente do Parlamento Europeu. Algumas vidas são sempre a descer.
Nas instituições europeias, António Costa quis fazer algodão doce, mas voltou com o pauzinho enfiado na geringonça. O primeiro-ministro foi convidado para vários cargos internacionais, desde Boneco da Michelin a estátua de Buda na capital da Nepal. Obviamente, recusou. O prestígio da nação ficou garantido com a presença de uma árbitra portuguesa no Mundial de Futebol Feminino. (Sim, este campeonato existe mesmo, não estou a inventar. Ganhou a América).
Nota final: Não é preciso concordar com o teor dos artigos para defender a sua publicação. A direcção editorial de O INTERIOR, por muita vergonha alheia que já tenha sentido com as coisas por mim escritas em mais de 800 edições, nunca me chamou a atenção nem pediu desculpas publicamente (em privado, será incalculável quanto já custei à direcção em chamadas telefónicas). É esse o valor e o custo da liberdade de expressão. Se a minha opinião sobre alguns colunistas do país tivesse algum efeito censório, muitos deles já nem dedos teriam. (Calma, senhores do dedo no gatilho do Facebook e no Twittrer, a última frase é um exagero para efeitos de comicidade. Não quero cortar os dedos de ninguém. Espero enganar-me, mas a BNS lá chegará).

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

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