A história é vista como o estudo do passado, fruto de uma coleção de factos, datas e personagens que marcaram outras épocas. No entanto, essa visão necessariamente limitada deixa de lado uma das funções mais importantes dessa disciplina: ajudar a compreender o presente e sim… prever o futuro! Embora esta área de conhecimento não ofereça previsões precisas, como uma ciência exata faria, ela permite reconhecer padrões, identificar tendências e entender comportamentos sociais e políticos que têm uma forte tendência em se repetir ao longo dos tempos tanto de um ponto de vista internacional, como nacional e até local. Certamente já ouviu o termo “A história repete-se”, assim o seu estudo é uma ferramenta poderosa para a construção de um futuro mais consciente e preparado.
Diversas situações mostram que sociedades tendem a repetir comportamentos quando sujeitas a determinadas condições, assim, um dos principais benefícios está na identificação de ciclos de atuação de povos ou sociedades. Crises económicas, por exemplo, frequentemente precedem o crescimento de movimentos extremistas. Entender como esses movimentos ganharam força, que discursos utilizaram e como reagiram as populações ajuda a perceber sinais semelhantes no presente. Por isso, ao conhecer o passado mais longínquo e o mais recente, somos capazes de detetar indícios de possíveis retrocessos democráticos ou de instabilidades sociais permitindo analisar causas e consequências com mais clareza. Essa compreensão ajuda a avaliar melhor as ações atuais dos governos e das instituições, fornecendo dados para escolhas mais conscientes. Afinal, entender o que levou a erros no passado é um passo essencial para não os repetir.
Outro ponto importante é que o seu estudo desenvolve o pensamento crítico, pois ao analisar diferentes fontes, narrativas e interpretações, qualquer interessado aprende a questionar, comparar e a contextualizar informações. Esse tipo de habilidade é fundamental num mundo cada vez mais inundado por informações falsas ou manipuladas e, assim, é possível avaliar com mais rigor o que é dito nos meios de comunicação, nas redes sociais ou pelos próprios líderes políticos, contribuindo para a construção de identidades e para o fortalecimento da cidadania. Conhecer os processos que moldaram determinada cultura, país ou povo permite que os indivíduos compreendam melhor seu lugar no mundo. Isso é fundamental para que se envolvam em causas sociais, participem da vida política e ajudem a transformar realidades injustas, desajustadas ou até completamente ridículas.
A ação humana é sempre complexa e imprevisível, não prevê o futuro com precisão matemática nem certezas absolutas, mas ao estudar o que já aconteceu é possível prever riscos, planear estratégias e escolher caminhos mais adequados, mais seguros, mais eficientes… Enfim, melhores. Longe de ser apenas uma disciplina voltada para o passado, a história é uma ferramenta essencial para o planeamento consciente de sociedades mais justas, livres e resilientes para o futuro.
Parafraseando um antigo professor – «A história é uma sucessão de factos, que sucedem, sucessivamente, sem cessar» – e, nesse sentido, não é apenas uma lembrança do que foi, mas uma bússola para onde ir e o que poderá ser.


