A geração Tipo

Escrito por Diogo Cabrita

É tipo, ou “like”, ou “my gosh”, ou “é bué”, são interjeições, expressões usadas com ou sem contexto. Existem em todas as línguas. Os egípcios utilizam a palavra, que convertem em expressão: IAﻉNI, poderia ser mais ou menos, ou “talvez seja”, mas na realidade é usada em disfunção, como os jovens portugueses semeiam a palavra tipo. Aparece um “tipo” em qualquer lado e repete-se ad náusea. Na realidade são expressões que significam a integração na tribo. Nós somos jovens, somos fulgor, somos beleza, somos membros. Uma interjeição usada para incluir. Estes preenchimentos de espaço são um erro linguístico, uma pura barbárie de palavras. Os alemães agora usam “keine Ahnung” no meio de tudo, sem qualquer lógica ou função. O termo técnico será “marcador de hesitação”. Há uns anos colocavam um “mal” em toda a parte. Na realidade, também havia nos anos 70, pós Abril, o “portanto”, o “percebem”, “evidentemente” e um cem número de outras palavras para dar um sal aos discursos intermináveis da política.
O que me preocupa hoje é que não se trata de uma gaguez, não se trata de um reforço, mas tão só a forma de se sentir da pandilha. Falam igual, afirmam as mesmas frases feitas e acreditam no que lhes diz a televisão, onde os comentadores podem ter por curriculum “ex participante em reality show”. Nas casas filmadas os tontos são todos da procissão “tipo”. Um cansaço! Uma gente com quem não apetece trocar ideias nem ouvir opiniões. Uma ideia obriga a um raciocínio, não a agregação de uma regra, a aceitação de uma determinação. Acordem!

Sobre o autor

Diogo Cabrita

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