Cara a Cara

«O movimento de recuo, de reflexão, é aquilo que nos interessa com este Clube de Leitura da BMEL»

Cara A Cara
Escrito por ointerior

P – Como está organizado o Clube de Leitura da Biblioteca Municipal Eduardo Lourença, na Guarda, e que tipo de obras têm sido escolhidas para análise?
R – Trata-se de um clube que optou por um formato que consiste na análise de um livro em cada sessão, bimestralmente. Portanto, a cada dois meses vamos lançar uma obra nova, uma obra diferente. A primeira que analisámos teve a ver com o fenómeno dos retornados, em 1974/1975. Chama-se “O Retorno”, da escritora Dulce Maria Cardoso, que viveu esse fenómeno do regresso de África para a metrópole. Ela própria veio de Angola e depois transformou um pouco a realidade dela, numa obra como esta, que teve um grande êxito.

P – Que temas têm programados para abordar nas próximas sessões?
R – A filosofia do Clube de Leitura da BMEL é que sejam obras de autores variados, de géneros, também, variados e não será apenas literatura. Podem ser memórias, poesia e outros géneros literários. Portanto, não se vai limitar a contos e romances, não é essa a ideia do clube. Ao invés, queremos que seja um pouco mais alargado.

P – Que importância tem esta atividade para as pessoas?
R – O Clube de Leitura pretende, sobretudo, ser um incentivo para ler, porque o hábito de ler está a perder gás ultimamente. E, portanto, as pessoas acabam por se adaptar a coisas mais simples, mais imediatas e de menos reflexão, e a leitura, creio eu, faz-nos parar, refletir e recuar. E esse movimento de recuo, de reflexão, é aquilo que nos interessa com esta iniciativa na BMEL.

P – A quem se destinam estes encontros de leitura?
R – Em geral, ao público adulto, mas, dentro desse, podem ser jovens estudantes ou adultos, ou pessoas que trabalharam, estudaram ou não. Evidentemente que, depois, cada obra vai, de certa maneira, selecionar o seu público. No caso da primeira obra selecionada, houve esta temática do retorno – faz este ano 50 anos que houve aquela ponte aérea entre a África que era portuguesa e Portugal, portanto, esta primeira sessão do Clube de Leitura teve a ver com esse fenómeno e com o facto de fazer 50 anos dessa ponte aérea África-Portugal.

P – Há restrições em termos de participação?
R – Restrições só se for de número de lotação, mas em princípio contamos no geral, em cada sessão, com algumas dezenas de pessoas e isso é perfeitamente normal numa atividade como esta numa biblioteca, na sala que é habitual utilizar. Em princípio, as pessoas, se têm conhecimento do lançamento, por exemplo, da próxima sessão, em julho, e se virem que o livro lhes agrada inscrevem-se pela Internet através do email da BMEL ou por chamada telefónica para a biblioteca municipal.

P – Que novidades já pode anunciar?
R – Para cada sessão temos um convidado, que pode ser ou não o autor do livro escolhido. Na primeira sessão esteve presente um professor do Instituto Politécnico da Guarda (IPG) que já fez estudos em torno dos retornados e que é também ele próprio um retornado. E, portanto, achámos que era bom também que ele nos ajudasse a compreender melhor este fenómeno e também a mostrar a sua leitura deste livro.

P – Quando podemos contar com a próxima sessão?
R – Estes encontros vão realizar-se de forma bimestral. Chegámos a considerar que podia ser menos ou mais, mas achámos que de dois em dois meses era um tempo suficiente para a leitura e para as pessoas fazerem a sua reflexão e para os elementos também do clube contactarem entre si e até irem trocando opiniões, mesmo antes da própria sessão.

 

Entrevista a Joaquim Igreja do clube de leitura da BMEL

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