P – O que destaca na edição deste ano do Festival do Vinho do Douro Superior?
R – A 12ª edição do Festival vai contar com cerca de 100 expositores exclusivamente da região do Douro Superior. Teremos também todo um conjunto de atividades paralelas, como as provas comentadas, visitas a quintas, concertos e outras iniciativas que vão ajudar a abrilhantar ainda mais este festival do vinho. Há também toda uma gastronomia da região que vale a pena apreciar. O Festival do Vinho do Douro Superior tem vindo a afirmar-se ano após ano no panorama deste tipo de eventos a nível regional e nacional. É, hoje, unanimemente considerado pela crítica como um dos melhores, senão o melhor evento de vinhos em Portugal.
P – É um certame que pode continuar a crescer?
R – Trata-se de um certame que tem crescido ao longo das várias edições, sendo que, perante este sucesso, o desafio é ultrapassar a limitação física do espaço de exposições do nosso pavilhão, temos a perfeita noção que será o desafio para os próximos tempos, perceber como é que podemos alargar ainda mais este festival, porque a procura tem vindo sempre a aumentar de ano para ano.
P – Que importância tem este certame para Vila Nova de Foz Côa e para toda a região?
R – As expectativas são sempre altas. E são as melhores, tendo em conta a qualidade de um produto tão importante a nível económico, para Foz Côa e para toda a região do Douro Superior. São várias vertentes a nível económico que pretendemos divulgar. A mostra e promoção dos próprios vinhos, mas também a parte económica relacionada com os próprios produtores, adegas, distribuidores e até as lojas de vinhos. Toda a cidade de Foz Côa e arredores pode beneficiar com este certame em várias vertentes. Sentimos claramente este impacto económico nos nossos agentes locais também ao nível da hotelaria e depois, durante o fim de semana, ao nível da restauração e nível do comércio local, percebemos claramente que este é um fim de semana muito rentável para todos os agentes económicos. A cidade e concelho ficam cheios de gente durante este festival.
P – Qual é o investimento e retorno financeiro na edição deste ano?
R – O investimento direto do município ronda mais ou menos os mesmos valores da edição do ano passado e dos últimos anos, cerca de 200 mil euros. Nunca conseguimos medir efetivamente qual é o valor desse retorno, mas quando olho para a hotelaria local e vejo que está esgotada há mais de 2 meses, e quando percebo que da parte da restauração, todos os restaurantes ficam com casa cheia durante o fim de semana, ou as lojas a venderem mais do que o normal, concluo que é obviamente um evento estruturante para o município de Foz Côa. Continuaremos certamente a apostar em mais-valias e outras valências para que exista sempre algum atrativo novo para quem nos visita.
P – O setor vitivinícola vive dias difíceis, principalmente na dificuldade com o escoamento da produção. Como vê a situação?
R – O Douro vive momentos difíceis. Os nossos produtores passam por momentos verdadeiramente complicados. Não se adivinham tempos fáceis para os viticultores da região do Douro. Com excesso de produção e com as adegas cheias de vinho, com dificuldade no escoamento do produto, este festival é também uma forma do município de Foz Côa tentar dar mais visibilidade aos nossos produtores, para que consigam fazer mais negócio, vender mais, e escoar a produção. Sabemos que 2024 já foi um ano difícil e infelizmente os próximos também não se adivinham nada fáceis.
É absolutamente dramático para muitos pequenos produtores que têm na vinha uma parte significativa do seu sustento anual. Convém sublinhar que temos conseguido trazer alguns compradores de vinho internacionais, para que eles venham aqui ao festival e consigam falar diretamente com os nossos produtores. Vamos ter novamente um espaço de negócio dentro da feira e, desta forma, tentar ajudar os produtores e adegas a escoar a produção.
Este ano também teremos um espaço, à semelhança do ano passado, dedicado ao enoturismo. O enoturismo é um setor associado ao vinho, que tem cada vez mais uma enorme relevância. Vamos vendo cada vez mais quintas e empresários locais a diversificarem a aposta na questão do enoturismo, seja com hotelaria ou dormidas, seja com outro tipo de atividades. Um ramo muito importante e com uma grande margem de progressão no nosso concelho.
P – Que soluções preconiza para que o problema que tem vindo a acentuar-se seja ultrapassado (falta de escoamento da produção)?
R – O Estado tem adotado algumas medidas. Medidas um bocadinho conjunturais. Há sempre muitos diagnósticos daquilo que se pode e que não se pode fazer, mas aquilo que nós percebemos é que ainda não foram tomadas medidas que verdadeiramente resolvam o problema e o feedback que temos é que as nossas adegas estão cheias. Já no ano passado houve alguma vindima que ficou por fazer e, tememos que isso volte a acontecer este ano.
Perfil
Pedro Duarte
Vice-Presidente da Câmara Municipal de Foz Côa
Idade: 39 anos
Naturalidade: Vila Nova de Foz Côa
Profissão: Engenheiro Mecânico
Currículo (resumido): Engenheiro Mecânico de profissão, vice-presidente da Câmara de Foz Côa neste mandato
Filme preferido: “A vida é bela”
Hobbies: Corrida