Sociedade

IPG tem um peso de 36 milhões no PIB do concelho

Escrito por Jornal O Interior

Estudo revela que o Instituto Politécnico da Guarda tem um impacto significativo na economia do concelho, rentabilizando o investimento público de que beneficia.

O PIB regional, no caso do concelho da Guarda, é estimado em cerca de 787 milhões de euros, valor no qual o IPG tem um peso de 4,5 por cento, o equivalente a aproximadamente 36 milhões de euros. Os dados constam do mais recente estudo levado a cabo pelo CCISP (Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos) que avalia o impacto económico dos Politécnicos na região onde se inserem. No documento é também referido que cada euro de investimento público no IPG gera um nível de atividade económica de 3,19 euros, confirmando o retorno positivo do investimento nesta instituição.
O principal factor responsável por este impacto económico, de acordo com o estudo do CCISP, «decorre dos gastos efetuados pelos estudantes na aquisição de bens e serviços (incluindo o alojamento)», que representam uma média de 80 por cento do impacto directo total. Já a segunda fonte de impacto «mais relevante» prende-se com os gastos relacionados com os docentes, correspondendo, em média, a cerca de 13 por cento do impacto direto. Os gastos feitos pelos funcionários surgem em último lugar e, no caso da Guarda, têm um impacto direto total de 6 por cento. De modo geral, a relação entre o número de estudantes da instituição e o impacto directo na economia local é linear crescente. Isto significa que «por cada estudante adicional há um impacto direto anual de cerca de 6.850 euros na economia local», conclui o estudo.
Os dados revelam também que o IPG possui 229 docentes, 153 funcionários e 3.038 estudantes (número superior aos Institutos de Beja, Portalegre e Tomar). O Politécnico guardense tem também a quarta maior percentagem de doutorados entre os politécnicos do país (55 por cento), facto salientado no referido estudo como indicador do «esforço que estas instituições têm feito ao longo dos últimos anos para melhorar significativamente a qualificação do seu corpo docente, apesar de todos os constrangimentos». O peso dos funcionários do IPG no total da população do concelho da Guarda é de 4 por cento, sendo que a instituição criou um total de 1.164 postos de trabalho.
No que respeita à evolução do PIB do município foi apurada uma relação entre o seu crescimento e o financiamento público dos Institutos Politécnicos: «Verifica-se uma evolução semelhante em termos do financiamento aos Institutos Politécnicos, quando comparada com a evolução do PIB local», conclui o documento. Este facto observa-se mais claramente durante o período de crise económica, compreendido entre 2010 e 2012, quando o PIB regional da Guarda decresceu, acompanhando a redução de investimento no IPG. A partir de 2013 constata-se um crescimento positivo do PIB do muncípio, coincidente com a estabilização do financiamento público, que se situa agora na ordem dos 11,2 milhões de euros.
Além dos dados relativos à atividade económica, é feito um balanço entre as situações das instituições localizadas entre o litoral e o interior, que salienta as diferenças na densidade populacional, (significativamente mais baixa nas regiões do interior do pais). Os níveis de analfabetismo e envelhecimento são também superiores nas regiões do interior. Os dados revelam igualmente que, apesar de existir esta dicotomia entre o litoral e o interior do país, o indicador relativo ao poder de compra não segue a mesma linha, existindo concelhos do interior que apresentam um nível de poder de compra superior à média nacional (e concelhos do litoral que possuem um nível inferior). A relação entre o efeito de exportação e a população residente é também um elemento de relevância para as instituições, com maior expressão no interior do país. «Verifica-se que os Institutos Politécnicos do interior tendem a apresentar um efeito de exportação mais elevado do que os situados na zona litoral do país», refere o estudo do CCISP. «Este facto é um indicador da relevância daqueles Institutos Politécnicos para a região onde estão inseridos, pois contribuem para atração de jovens para regiões mais despovoadas e envelhecidas, levando, porventura, sua fixação nessas regiões», sublinha o Conselho Coordenador.

Joaquim Brigas diz que impacto do IPG na economia da região «fica demonstrado»

A relevância positiva do IPG na economia regional está relacionada com «a diversificação da oferta formativa e a captação de estudantes em novos mercados», trabalho que tem vindo a ser desenvolvido pelo IPG, afirma o presidente da instituição.
Joaquim Brigas defende que «a inserção regional dos estudantes e diplomados [do IPG] é resultado da proximidade aos desafios socioeconómicos das Beiras e Serra da Estrela, o que aumenta a sua participação em mercados de trabalho mais competitivos». No que respeita à fixação dos estudantes do IPG no mercado de trabalho regional, o responsável refere que «mais do que restringir a fixação de jovens à sua região de influência, tem demonstrado um enraizamento no tecido económico e social das regiões de acolhimento, o que se torna também determinante para o desenvolvimento e coesão territorial de Portugal». E o presidente do Politécnico salienta as parcerias estabelecidas com empresas e Câmaras Municipais, medidas que já foram aplicadas e estão a ser desenvolvidas.
Na sua opinião, o impacto económico do IPG na região «fica demonstrado» com este estudo, mas há ainda aspectos que podem ser melhorados.
O aumento do impacto positivo do IPG pode ser aumentado, se for aumentada a oferta de alojamento disponível para os estudantes, de acordo com Joaquim Brigas: «As residências são a única forma de captar mais alunos, já que as outras vertentes (de ensino e formação) estão já bastante desenvolvidas. O alojamento é uma questão primordial», sublinha. Relativamente à conversão da Pousada da Juventude em residência de estudantes, o dirigente adianta não haver mais desenvolvimentos e não sabe ainda quando o IPG tomará posse do edifício.

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