Sociedade

Jovens da região consomem mais álcool do que a média nacional

Escrito por Jornal O Interior

Valores não refletem situação de emergência, mas devem ser pensadas ações de educação social

O consumo de bebidas alcoólicas pelos jovens portugueses é inferior aos valores médios da Europa. Apesar disso, a região das Beiras e Serra da Estrela apresenta valores ligeiramente superiores à média nacional.
Quem o diz é o Rui Correia, coordenador de Respostas Integradas da Guarda, que revelou este facto no seminário “Jovens e o Álcool – a vida por entre escolhas”, que decorreu na passada quarta-feira, no auditório Dr. Lopo de Carvalho, da Unidade Local de Saúde da Guarda. O responsável afirma que a «relevância cultural» das bebidas alcoólicas é um dos fatores que mais influencia este comportamento juvenil: «O álcool é uma substância de uso milenar nas sociedades judaico-cristãs, sendo por isso algo que faz parte da nossa cultura. Não é de estranhar que esta seja a substância psicoativa de eleição entre os adolescentes», justifica. Os dados relativos ao consumo de bebidas alcoólicas entre os adolescentes revelam que, apesar de nos últimos 12 anos o consumo ter diminuído, verifica-se uma procura por bebidas mais fortes (bebidas destiladas) em idades mais precoces (a partir dos 13 anos).
Nesse sentido, há, consequentemente, um maior registo de situações de “binge drinking” (consumo excessivo de álcool, onde se ingerem cinco ou mais bebidas no espaço de duas horas). Rui Correia adianta que «os jovens estão informados e sabem o que é o álcool, mas têm expetativas pessoais e sociais muito positivas relativamente ao seu consumo». Para o especialista, perante estes indicadores, é importante conjugar medidas «de pendor educativo e legal» para minimizar os riscos associados ao consumo desinformado de álcool. «Os jovens estão em fase de descoberta, de experimentar efeitos, por isso é muito importante, não só educar para reduzir o consumo, mas também para reduzir os danos a ele associados, como a importância de se alimentarem adequadamente e de repor os níveis de açúcar, de forma a evitar situações mais graves», recomenda Rui Correia.
Na sua opinião, a componente legal enfrenta uma dualidade que dificulta a fiscalização: «Os jovens estão autorizados a entrar em espaços noturnos a partir dos 16 anos, mas só podem consumir álcool a partir dos 18. Para quem fiscaliza os estabelecimentos é muito difícil perceber o que está realmente a ser consumido pelos menores», exemplifica o coordenador de Respostas Integradas da Guarda. Contudo, apesar dos números regionais serem superiores à média nacional, o responsável afirma não existir razão para alarmismos e chama a atenção para a construção de soluções ponderadas que «podem ser bem pensadas, pois não há um alarme social».

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