Cara a Cara

«É urgente fomentar o empreendedorismo na região»

Escrito por Jornal O Interior

P – É uma das docentes do IPG envolvidas no PIN (PoliEntrepreneurship Innovation Network). Em que consiste o projeto?
R – Nascido da colaboração de uma rede de 13 instituições de ensino superior politécnico, o PIN visa promover o aumento das competências empreendedoras, a criação de emprego, a inovação e o sucesso empresarial entre os alunos do ensino superior e potenciais empreendedores. O objetivo é fomentar a criação de empresas, registo de patentes e desenvolvimento de projetos de vocação empresarial, num processo que envolverá estudantes e potenciais empreendedores. O PIN envolve um investimento de 1,1 milhões de euros, parcialmente financiado pelo programa Compete 2020, do Portugal 2020.

P – Qual a grande inovação deste projeto e quais as vantagens?
R – A plataforma PIN assenta numa interface digital que oferece ferramentas facilitadoras dos processos de implementação de negócios. Agrega três atividades: o e-learning, gestão de projetos e concurso. O e-learning permite-nos chegar a mais potenciais empreendedores, a motivar e educar mais com inovação e tecnologia, podendo ser visualizadas aulas online, conferências, desenvolvidos cursos em “moocs” (“massive online open courses”) e ter acesso a uma biblioteca virtual de ebooks pertinentes. O sistema disponibiliza formação específica sobre temas relacionados com o empreendedorismo e criação de empresas, proporcionando aos participantes as condições necessárias para o desenvolvimento de ideias, soluções inovadoras e planos de negócio, num ambiente colaborativo. No que respeita à gestão de projetos dá-nos a possibilidade de gerir digitalmente o desenvolvimento das ideias e planos de negócio apresentados pelos empreendedores, tendo uma vertente pragmática de gestão de tempo e outros recursos. Há, por fim, uma componente de concurso, na qual os planos de negócio desenvolvidos serão avaliados por um júri regional. Os mais bem classificados seguem para o júri nacional. Aqui também introduzimos para avaliação planos de negócio internacionais.

P – De que forma o PIN pode favorecer o empreendedorismo dos alunos do IPG?
R – Na implementação do projeto os alunos usufruíram de workshops de capacitação com empreendedores externos que trouxeram metodologias diferentes para o desenvolvimento das ideias e dos planos de negócio. Beneficiaram também da possibilidade de contratar serviços específicos necessários, de forma a passarem do plano de negócio para a constituição das empresas. Já na fase final do processo de concurso nacional puderam relacionar-se com empreendedores e outros colegas, nacionais e internacionais, que tal como eles desenvolveram planos de negócio. Todas estas possibilidades foram proporcionadas a alunos, professores ou colaboradores do IPG, bem como a empreendedores externos, tal como exigia o financiamento do projeto.

P – Qual foi a resposta dos alunos a este género de desafios? 
R – A resposta é sempre limitada, pois o seu foco é ainda estudar para terminar o curso e encontrar emprego. No entanto, conseguimos sempre um grupo que fica motivado e que embarca nesta “viagem” connosco. O processo de aprendizagem é dinâmico e proativo, mas exigente. Implica trabalho e dedicação, o que, tendo em conta os compromissos de estudo dos alunos, faz com que não sejam muitos os que chegam ao fim e apresentam um plano de negócio completo e pronto a ser apresentado aos avaliadores/ investidores.

P- De que forma os empresários e empreendedores são envolvidos no projeto?
R – São sempre envolvidos no desenvolvimento de ações de educação de empreendedorismo, pois trazem um testemunho importante ao poderem falar com os alunos sobre as suas experiências e dificuldades. O fracasso é sempre um estigma nesta área que é possível combater através destes testemunhos, o que possibilita ultrapassar esse medo de arriscar e falhar. Para além disso, os projetos de negócio são sempre apresentados a empresários/ empreendedores/ investidores para serem analisados por pessoas experientes, que sejam capazes de ajudar as equipas de alunos a evoluir até à criação real da empresa. O seu envolvimento é fundamental para a evolução dos planos e mentalidade dos alunos empreendedores.

P – Qual o papel do empreendedorismo, e deste tipo de programas, no desenvolvimento da região?
R – É urgente fomentar o empreendedorismo na região. Esta é caracterizada por um tecido empresarial reduzido e por uma taxa de criação de novos negócios também bastante pequena. O empreendedorismo é uma forma de retenção das pessoas no território através da criação de emprego e de riqueza. Isto, numa perspetiva de empreendedorismo de vocação empresarial, porque se falarmos do empreendedorismo enquanto mentalidade, desenvolvimento de competências e atitudes, então ainda é mais pertinente. Ser empreendedor implica ter um conjunto de características úteis para a vida pessoal e profissional, conseguir identificar oportunidades, ter capacidade criativa, ser proativo e dinâmico, ser capaz de trabalhar em equipa, de definir objetivos e ser capaz de encontrar os recursos necessários para os concretizar. É algo que todos percebemos ser importante nas nossas vidas, seja para criar um negócio ou não.

Perfil de Teresa Paiva:

Docente do IPG, membro da equipa do projeto PIN (PoliEntrepreneurship Innovation Network)

Idade: 53 anos

Naturalidade: Coimbra

Profissão: Professora do ensino superior politécnico

Currículo: Professora de Gestão e Marketing no IPG; doutorada em Gestão pelo IUL-ISCTE e pós-graduada em Direção de Incubadoras, Aceleradoras e Desenvolvimento de Centros de Empreendedorismo pela Universidade de Salamanca; Desenvolve pesquisas na área de Marketing, Inovação e Educação em Empreendedorismo e tem experiência como avaliadora de projetos europeus (Erasmus +- KA2); Responsável pela área de investigação da rede europeia de Instituições de Ensino Superior – SPACE Network; Integra a comissão científica do International Journal of Entrepreneurship and Governance in Cognitive Cities, Journal of Advances in High Education e Egitania Sciencia; Faz parte da PEEP (ONG), que trabalha e desenvolve projetos na área social e empreendedora; Promotora e formadora de empreendedorismo no IPG, que representa na coordenação do projeto nacional (Poliempreende).

Livro preferido: “As velas ardem até ao fim”

Filme preferido: A trilogia do “Senhor dos Anéis”

Hobbies: Ler, viajar e ouvir música

Sobre o autor

Jornal O Interior

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