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«Ser tuno não é só andar nos copos e estourar dinheiro aos pais»

Cara a Cara – Entrevista

P – Qual o balanço que se pode fazer de seis anos de Desertuna?

R – É extremamente positivo. No início foi difícil, mas agora a tuna está num bom caminho. Temos muitos projectos, muitos elementos e queremos chegar ainda mais à frente.

P – São convidados regularmente para actuar noutros pontos do país?

R – Sim, principalmente para o Norte. Ao Sul, de Lisboa para baixo, é que ainda não fomos muitas vezes. Mas também já estivemos nas ilhas, em França, Bélgica e em Espanha. Se tivéssemos mais dinheiro iríamos fora mais vezes, mas, geralmente, nós é que temos que suportar as despesas com os transportes. A nível de transportes, só temos o apoio da Câmara e da UBI e não são todas as vezes.

P – Têm ganho muitos prémios nessas deslocações?

R – Sim, normalmente, para além do prémio de participação e da alegria que é estar num festival e conviver com outras pessoas, costumamos trazer o prémio de melhor pandeireta. Ganhámos o de melhor estandarte há pouco tempo em Guimarães e antigamente tínhamos outro estandarte que também costumava ganhar. No instrumental também ganhamos às vezes. Solista é que não temos, mas ganhámos o prémio correspondente uma vez. De resto, já conquistámos o prémio de melhor tuna e outros prémios de conjunto.

P – O que é preciso para se ser um bom tuno?

R – Primeiro, pensa-se que ser tuno é só andar nos copos e estourar dinheiro aos pais. Não é bem assim, pois trabalhamos muito, além de conciliarmos o curso com o tempo que temos para as actividades da tuna. Saber tocar e cantar também é importante, mas também há tunos que não sabem. Saber falar, estar à vontade e conviver com as pessoas também é importante.

P – Já disse que têm muitos elementos. Quantos são actualmente?

R – No activo temos entre 30 a 35 elementos.

P – O processo de Bolonha não fez com que haja menos interessados?

R – Por acaso não. O nosso medo com Bolonha tinha a ver com o facto dos cursos passarem a ser de três anos e que entrassem menos pessoas, pois há menos anos e o pessoal quer é tirar o curso. Mas até agora ainda não notámos muito essa diferença e até achamos que, de ano para ano, entra mais gente. Este ano já entraram três novos membros, mas agora que acabou a época de praxes esperamos receber ainda mais caloiros.

P – Como é a vossa relação com a orquesta “Já Bubi & Tokuskopus”?

R – Não há relação. Antigamente havia atritos e discussões, agora, para evitar os problemas, eles fazem o seu trabalho e nós fazemos o nosso. Isto não quer dizer que não conheçamos pessoal dos “Já Bubi & Tokuskopus”, de quem, por acaso, até somos amigos. Damo-nos bem com três ou quatro elementos e não me importava de os ter na minha tuna.

P – Qual é a principal diferença que vos separa?

R – A presença em palco é uma delas. Depois, a nossa forma de trabalhar e de ser também acho que é totalmente diferente, o que já revela todo o trabalho daí para a frente.

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