Região

Comissão de trabalhadores nega despedimento coletivo na DURA

Cerca de 40 funcionários deixaram recentemente de trabalhar na DURA Automotive, sediada em Vila Cortês do Mondego, mas, segundo a Comissão de Trabalhadores, «ninguém foi obrigado a sair».

«Não houve nenhum despedimento coletivo», quem o garante é Paulo Ferreira, membro da comissão de trabalhadores da DURA Automotive, que afirma que as notícias veiculadas esta semana «são falsas». No entanto, o funcionário da empresa sediada em Vila Cortês do Mondego, no concelho da Guarda, adianta que houve trabalhadores que saíram mas por «cessão de contrato ou mútuo acordo». O dirigente confirma apenas um despedimento, o de um funcionário da contabilidade «porque esse departamento foi deslocalizado para outro país».
Segundo Paulo Ferreira, entre as cerca de 40 pessoas que deixaram a empresa de componentes para automóveis a maioria estariam efetivos, cerca de 24, «nalguns casos eram funcionários já com 65 anos de idade, ou seja, pessoas à beira da reforma». O representante sindical sublinha que «ninguém foi forçado a sair, nem a comissão deixava». Contudo, admite que a fábrica da empresa norte-americana atravessa um momento de «redução de produção devido a um projeto que terminou» e é neste ponto que culpa empresa de ter cometido «um erro», pois considera que a cessação deste projeto já estava prevista e «não foram efetuadas as respetivas diligências para evitar estas rescisões amigáveis».
Quanto à possível saída de mais funcionários, a administração da Dura já informou a comissão de trabalhadores que atualmente existem 24 trabalhadores «a mais». Talvez por esse motivo, quatro funcionários irão para a fábrica da DURA na Alemanha por determinado período de tempo. Entretanto, Paulo Ferreira já foi informado que na próxima segunda-feira será feita «a rescisão de contrato de trabalho com mais dois trabalhadores, um deles com 65 anos», mas por agora «não estão previstos mais despedimentos», asseverou a O INTERIOR. Quem também foi apanhado de surpresa com a notícia sobre o alegado despedimento coletivo na empresa foi o presidente da Câmara da Guarda, que contactou de imediato os administradores. Em declarações aos jornalistas no final da última reunião de Câmara, Álvaro Amaro disse terem-lhe sido «transmitidas palavras de absoluta tranquilidade» e que «quem saiu foi por mútuo acordo, não houve despedimentos coletivos».
Fernando Grilo, diretor da DURA na Guarda, terá também declarado ao autarca que haveria mais interessados em sair através de acordo mas que a administração não deixou. Álvaro Amaro acrescentou ter-lhe sido confirmado que «vai haver reestruturações, porque nesta altura do ano há menos encomendas», mas a administração adiantou ainda que «num espaço de dois anos há tudo para por a fábrica no mapa». As notícias sobre despedimentos na empresa de Vila Cortês do Mondego deixaram também o socialista Pedro Fonseca «preocupado». O vereador «estranhou» a informação porque «há uns meses, uma comitiva de dirigentes do PS local visitou a empresa e os seus responsáveis falavam numa situação estável», referiu. Para o dirigente, é agora «necessário um esclarecimento da administração sobre o que se passa ou não».

União de Sindicatos vai «lutar» pela defesa de todos os postos de trabalho

Entretanto, a União de Sindicatos da Guarda, afeta à CGTP, confirma que «cerca de 20 trabalhadores de trabalho temporário terminaram a sua laboração na empresa e mais de 20 trabalhadores de vínculo permanente, em função da grande instabilidade da empresa, cessaram o seu trabalho por mútuo acordo». Pese embora não se tratar de despedimentos, a estrutura sindical considera, em comunicado, que «a situação na empresa é bastante preocupante porque, no final de abril de 2019, termina mais uma linha e até agora não é conhecida a substituição», acrescentando ainda que o comité europeu na Alemanha já reuniu com a representação da comissão de trabalhadores da DURA. A União de Sindicatos refere que há mais 24 trabalhadores «sujeitos a continuação das rescisões amigáveis», o que consideram ser «resultado da ineficácia da direção da empresa e do poder político em encontrar uma solução para os trabalhadores da DURA».
A entidade patronal é também acusada de «escamotear as suas responsabilidades na permanência da política de baixos salários, despedindo para voltar a contratar, mas com uma relação precária e de salário base mais baixo», quando falam em falta de trabalhadores qualificados. O sindicato lamenta igualmente que a ampliação das instalações em Vila Cortês do Mondego «nunca se tenha traduzido na melhoria das condições de trabalho e potenciasse um foco de desenvolvimento na malha do débil tecido industrial do interior do país». Garantindo que «lutará pela defesa de todos os postos de trabalho e pelos direitos dos trabalhadores desta empresa», a União de Sindicatos da Guarda avisa que «não basta» que os atores políticos digam perante a comunicação social que «está tudo bem», afirmando já estar «vacinados com o encerramento da Delphi, responsabilidade dos Governos PS e do PSD/CDS». E lembra a Álvaro Amaro que «tem responsabilidades», pelo que deve «com as organizações sindicais do sector defender esta empresa para o motor de desenvolvimento local do concelho da Guarda e do distrito».

Sobre o autor

Ana Eugénia Inácio

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