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UBI possui «maior e melhor residência do País»

Durão Barroso foi vaiado na sua passagem pela Covilhã

A «maior e melhor residência universitária do país», como fez questão de salientar o primeiro-ministro durante a inauguração do edifício na última sexta-feira, está pronta para receber já no próximo ano lectivo 330 alunos da Universidade da Beira Interior (UBI).

A inauguração apenas estava prevista para amanhã, mas foi antecipada por causa da visita de Durão Barroso ao distrito num dia dedicado ao Ensino Superior, no âmbito das comemorações do 25 de Abril. Com uma área de 7.300 metros quadrados, a nova residência “Pedro Alvares Cabral” possui 168 quartos, 330 camas, 6 cozinhas, lavandaria e cinco salas de estudo. Encontra-se também equipada com tecnologia “wireless”, permitindo assim o acesso à Internet em todos os pontos do edifício. A residência irá funcionar num sistema de mini-apartamentos de quatro alunos, onde irão partilhar a casa de banho e os electrodomésticos (micro-ondas e frigorífico). As cozinhas estão centralizadas em cada piso, tendo os residentes todas as condições para confeccionarem a própria refeição e conviverem «com os amigos e colegas» num mini-refeitório. Já no início do próximo ano lectivo, o “snack” das Ciências Sociais e Humanas estará aberto a título experimental durante o período nocturno. Se a procura for grande, passará a servir refeições ao jantar, tal como acontece com as cantinas de Santo António e da Boavista.

Mas a presença de Durão Barroso na inauguração da maior residência do país serviu sobretudo para o reitor apelar a uma maior atenção do Governo para o interior do país e para uma instituição que acolhe actualmente cerca de cinco mil estudantes, 80 por cento dos quais são deslocados. A necessidade de uma nova unidade alimentar para centralizar as cozinhas e implementar um sistema de “catering” pelas restantes cantinas e “snacks”, a sobrelotação do pólo das Ciências Sociais e Humanas, o financiamento para a Faculdade de Ciências da Saúde e a necessidade do complexo desportivo para Ciências do Desporto, foram outras das reivindicações. Durão Barroso limitou-se a enaltecer o esforço da UBI, o método inovador adoptado em Medicina e a elogiar as novas instalações. Por outro lado, o primeiro-ministro assinou com a UBI o «maior» contrato-programa do continente, num valor total de 1,47 milhões de euros, destinado a um observatório para a organização e sucesso escolar, ao investimento em tecnologias de informação em Ciências da Saúde e à captação de novos públicos em áreas estratégicas. Antes de subir à Covilhã, Durão Barroso esteve em Castelo Branco para lançar o concurso público da primeira fase do “campus” da Talagueira do Politécnico local para as escolas de Saúde e Artes Aplicadas, projectos orçados em 15 milhões de euros, bem como para assinar um contrato-programa.

Durão recebido com apupos e protestos

Centenas de manifestantes, afectos à CGTP e alguns estudantes universitários, receberam o primeiro-ministro na Covilhã com um forte “apitão”, ao mesmo tempo que gritavam “Gatuno”, “Governo para a rua, a luta continua” ou tão simplesmente “Governo aprende, o ensino não se vende”. Mas os ânimos aqueceram muito antes da chegada da comitiva à residência Pedro Alvares Cabral assim que apareceu um grupo de dez jovens afectos ao PSD da Covilhã com uma faixa a saudar o primeiro-ministro, o que levou à intervenção policial para evitar maiores confrontos. Segundo elementos da CGTP e alguns manifestantes, terão sido os jovens da JSD quem começou as provocações, uma versão contestada por Ricardo Abreu, líder daquela estrutura na Covilhã: «Estávamos ali de boa fé, sem nos metermos com ninguém», refere, até porque «nunca foi nossa intenção provocar alguém». «A única coisa que fizemos foi abrir uma faixa de saudação ao chefe do Governo», sublinha, condenando as «agressões» verbais e físicas a que foram sujeitos por parte do sindicato e de elementos do PCP. Os jovens laranjas «lamentaram» ainda a atitude da RTP de Castelo Branco, cujos repórteres chegaram alegadamente atrasados e terão pedido a pessoas «para encenarem» os protestos. «Não demonstram os princípios da democracia, da liberdade nem da informação», acusa Ricardo Abreu.

Liliana Correia

Comentários dos nossos leitores
yevhennyevhenua@gmail.com
Comentário:
Pois claro que teem. Investem 80% do dinheiro que recebem nessa residência, e as outras 5 ficam com o resto, por isso até podem ser chamadas as 5 piores residências de Portugal…
 

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