Arquivo

Deputados da nação e do partido, ou do círculo que os elegeu?

Opinião

Particularmente para os eleitores deste distrito do interior, depois de feitas todas as contas dos resultados eleitorais, após se terem ouvido, muitas vezes sem se entender muito bem por parecerem invertidas, as declarações de vencedores e vencidos e ouvidos os comentadores do costume, o que importará mais é saber qual a postura e a ação que terão durante a legislatura os deputados eleitos pelo seu círculo eleitoral.

Já fomos forçados a ver em muitos casos os deputados eleitos por este círculo eleitoral fazerem pouco mais do que respeitar a disciplina partidária do partido pelo qual foram eleitos e assumirem-se após a constituição da Assembleia da República como deputados da nação fiéis apenas à estratégia político-partidária definida ou seguida pelo seu partido.

Foi assim que vimos, com grande dificuldade em entender, deputados eleitos por este distrito votarem contra o fim das portagens nas antigas autoestradas SCUT do interior do país.

Foi assim também que, já por várias vezes, vimos partidos sem deputados eleitos pelos dois círculos eleitorais da Beira Interior virem reivindicar o facto de terem mais trabalho produzido na Assembleia da República a favor destes distritos do que as formações partidárias que têm eleitos desta região.

O que agora os eleitores do distrito da Guarda reivindicam a Ângela Guerra, a Maria Antónia Almeida Santos, a Santinho Pacheco e a Carlos Peixoto é que na Assembleia da República nunca deixem de defender o círculo que os elegeu e saibam respeitar os eleitores que neles depositaram o poder de representação legislativa de um distrito que tendo lá apenas quatro mandatários, conta com cada um deles na defesa intransigente dos direitos de uma parte da nação que quer continuar a produzir, mas que para isso precisa de ter as pessoas e as empresas e as instituições públicas e privadas, que servem para eleger deputados, mas também para serem parte ativa de um país que só poderá ser considerado minimamente desenvolvido e respeitado, particularmente no seio da conturbada Europa, se não tiver tantas assimetrias regionais e se deixar de considerar o interior como mera paisagem.

Que os discursos de campanha, em que os agora eleitos falaram tão bem para dentro do seu círculo eleitoral, não tenham que vir a ser-lhes lembrados pelos eleitores ou pelas organizações partidárias que não tendo lá representantes da região se veem no direito de reivindicar o papel principal da defesa desta região interior…

Por: Jorge Esteves

* Jornalista da Rádio e Televisão de Portugal na Guarda

Sobre o autor

Deixe comentário