Bexiga hiperativa – Quando a urina é um problema

Escrito por Mariana Mina

«Quando meto a chave à porta, tenho sempre de correr para a sanita», «Quando lavo a loiça, quase não consigo chegar à casa de banho» ou «Às vezes perco urina sem conseguir controlar». Estas são queixas muito frequentes de quem sofre de bexiga hiperativa. Esta doença, que afeta principalmente mulheres com mais de 40 anos, mas que pode atingir homens e mulheres de qualquer idade, ainda permanece oculta pela maioria das pessoas por medo ou vergonha. Os principais sintomas são a urgência urinária (vontade súbita e dificilmente controlável de urinar), aumento da frequência das idas à casa de banho, noctúria (necessidade de urinar várias vezes durante a noite) e, por vezes, a incontinência (perda involuntária de urina). Estes sintomas podem surgir sem aviso ou em situações particulares, como ao chegar a casa ou ao molhar as mãos em água corrente.

Surge quando há alterações do músculo da bexiga: habitualmente, quando a bexiga está vazia o músculo está relaxado, e quando a bexiga enche o músculo contrai. Na bexiga hiperativa o músculo contrai muitas vezes inapropriadamente, levando o cérebro a pensar que a bexiga está cheia e tem de ser esvaziada. Daí surge a vontade incontrolável de urinar, mesmo quando a bexiga se encontra vazia. Muitas vezes a causa é desconhecida, mas pode estar associada a doenças neurológicas ou ginecológicas. O diagnóstico é feito através das queixas do doente, mas pode haver necessidade de realizar exames para despistar infeção urinária ou outras patologias.
O tratamento passa por evitar os alimentos irritantes da bexiga (chá, álcool e café), exercitar os músculos do pavimento pélvico (contrair e relaxar os músculos como se quisesse evitar a micção ou a flatulência) e o treino vesical (prolongar progressivamente o tempo entre as idas à casa de banho). Nalguns casos pode ser necessário o uso de medicação ou cirurgia.

Devido aos seus sintomas tão imprevisíveis, a bexiga hiperativa é uma doença condicionante da vida diária, que leva muitas vezes à ansiedade e ao isolamento. É por isso de extrema importância diagnosticar e tratar esta patologia, devolvendo a qualidade de vida aos doentes que dela sofrem.

* Médica interna da USF “A Ribeirinha”; Orientadora: Dra. Ana Isabel Santos

N.R.: A rubrica “ABC Médico” é da responsabilidade do grupo de Internato Médico da ULS da Guarda e pretende aumentar a literacia em saúde na área do distrito da Guarda. O objetivo desta coluna mensal é capacitar a comunidade a fazer parte integrante do seu processo de saúde/doença, motivando-a para comportamentos de vida saudáveis e decisões adequadas. Para tal, são escolhidos temas pertinentes que serão apresentados por ordem alfabética.

Sobre o autor

Mariana Mina

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