O bando dos quatro

Escrito por Diogo Cabrita

Os homens de Trump para a saúde demonstram que, no dia 20 janeiro, começou uma radical transformação das opções da América no que concerne à filosofia de saúde pública. Homens que representam a sociedade multicultural, a elevada exigência em qualificações, e sobretudo a força de uma estratégia pela prevenção e regras de segurança. Quatro personagens que resistiram ao brinde de injúrias que televisões, comentadores e jornais lhes dedicaram desde 2020. Quem é o bando dos quatro?

1- Mehmet Oz é um emérito cirurgião cardio-torácico, foi frequentemente chamado a programas televisivos e ficou à frente dos Medicare e Medicaid. Estes programas têm variações estaduais, mas são serviços de apoio aos menos favorecidos. Formado na Harvard University em 1982, foi cirurgião na Universidade de Columbia e é um atento utilizador de métodos chamados alternativos, usando hipnose e acupuntura na sua prática clínica. Milionário e, portanto, em teoria menos corruptível. Tem dupla nacionalidade, turca e americana. Convicção muçulmana. Foi criador de diversos instrumentos cirúrgicos que ajudam na prática cirúrgica. Crítico contundente de várias estratégias durante a pandemia.

2- Jay Bhattacharya, nascido em Kolkota, na India, é médico, formado também em gestão clínica, professor na Universidade de Stanford. Foi, aos 56 anos, o escolhido para chefiar os Institutos Nacionais de Saúde, a maior agência de investigação biomédica do mundo. A preocupação dos dois anteriores é a cronicidade das doenças, o flagelo americano da obesidade e a utilização de drogas nas ruas. Foi um forte opositor às políticas da OMS em relação à Covid-19. Subscreveu a declaração de Barrington, que um coro de seguidores da OMS insultou e apoucou em 2020. Não esqueçamos que ela foi escrita por professores reputados de Oxford, Harvard e Stanford – as três mais importantes universidades do mundo. Com eles estava Jon Ioannidis, epidemiologista greco-americano, também de Stanford. Bhattacharya é, portanto, mais um reputado cientista. Rico, dificilmente corruptível.

3- Robert Francis Kennedy Jr será o secretário de Estado da Saúde. Um ambientalista fervoroso, um lutador pela qualidade da água, com inúmeros louvores pela sua luta contra a poluição do rio Hudson em litigância jurídica persistente contra os poluidores. É um defensor da prevenção em vez dos tratamentos e um crítico conhecido da indústria farmacêutica. Fez desta luta uma bandeira de toda a sua vida. Durante a Covid-19 foi um combatente da vacina não testada, da imposição de uma solução de potencial perigo para resolver uma doença que se provou (ainda antes das vacinas) que não dizimou mais de 0,2 por cento da população – valor irrisório em epidemiologia. A epidemia menos significativa nos últimos 300 anos, mesmo com números inferiores a uma pandemia não viral que foi a catástrofe da heroína nos anos 80. A América está agora a braços com um problema semelhante pelo uso de fentanil. O ataque centrado no “negacionismo” de um herói americano pelas lutas ambientais revela de forma clara a perversão do nosso sistema de informação. Robert Francis Kennedy Jr é uma luz no túnel da podridão em que está a saúde pelo mundo, com negócios em publicações, exigências de resultados com um sentido, discursos assustadores das farmacêuticas para beneficiarem da distribuição de fármacos, construção de linhas orientadoras baseadas em estatísticas moldáveis. Por isso, um cidadão normal hoje é uma pessoa com uma caixa de oito fármacos.

Robert defende a prevenção e quer isto tratado com estilos de vida saudáveis, com exigência na alimentação, com mudanças consistentes nas políticas de saúde pública. Regulamentação do açúcar, controle do exército do leite, a poderosa indústria das farinhas. Robert é milionário e dificilmente corrompível.

4- Marty Makary, descendente de egípcios, nascido em Liverpool é agora o nomeado para a FDA (o Infarmed americano). Trata-se de um cirurgião oncológico e laparoscópico no Hospital John Hopkins que tem a seu favor ser uma das maiores referências de artigos científicos no que concerne a questões de regras de segurança e de boas práticas para induzir o menor erro em saúde. Obviamente, é um crítico feroz da liberalização de uma vacina, pouco ou mal testada, antes da sua utilização maciça. Na América, a iatrogenia (doença induzida pelos tratamentos médicos) é já uma das mais frequentes causas de morte. Falo de efeitos secundários de fármacos, indicações forçadas para terapêuticas e exames complementares, etc.

Os verdadeiros negacionistas da discussão e do diálogo, os que nunca colocaram dúvidas ao poder da indústria farmacêutica, estão agora em pânico. Está a chegar um tsunami na saúde e a OMS e os avençados de todo o mundo estão com medo. O dinheiro da investigação mudou de mãos. Com ele muda a política editorial das grandes revistas. Com ele libertam-se os artigos que foram impedidos pela cultura do “silêncio dos outros, mas nunca o meu”. O único medo que tenho é que as indústrias que vão sofrer com tudo isto libertem seus ódios mortais em direção a esta revolução. Outro medo é ser desapontado pelos quatro magníficos, o que enfim me remeteria a uma grande tristeza no final da minha carreira.

Sobre o autor

Diogo Cabrita

Deixe comentário