«No Orçamento de 1941 do Ministério das Obras Públicas e Comunicações, no capítulo 18º (Cidade Universitária de Coimbra), foi inscrita a verba de 1:000.000$ para pagamento das despesas do pessoal e material, incluindo a compra ou expropriação de prédios e estudos, no âmbito dos trabalhos preparatórios de execução do plano universitário de Coimbra». Sucederam-se em 1951 a inauguração da Faculdade de Letras, em 1956 a Biblioteca Geral, em 1961 o Estádio Universitário e, por fim, em 1969 inauguração das Matemáticas e a crise académica. Para perceber a importância relativa dos assuntos, na revolta académica não há referências aos deslocamentos das populações de futricas, ao mover milhares de pessoas para a periferia da zona universitária. A luta pela liberdade e a democracia não envolvia a visão desta gente que o Estado premiava com expropriações de indemnizações muito discutíveis. Na relatividade da vida, esta Riviera estudantil, esta construção sobre a Alta da cidade, é uma similitude com Trump e a “Riviera de Gaza”. Como a vida é dinâmica, os bairros, onde se alojou a população retirada à força da Alta, tem hoje grande interesse imobiliário, sendo visível a inflação para a aquisição das casas então postas ao serviço das pessoas. O bairro de Celas está agora a sofrer a sua mais impressionante remodelação e dentro de uns 30 anos vai ser um espaço de desejo.
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