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PSD e PS ignoram secções locais na escolha dos cabeças-de-lista às legislativas

Barreto Xavier ou Ana Abrunhosa no PSD/CDS-PP e Edite Estrela no PS poderão liderar as listas às próximas legislativas pelo círculo da Guarda

Está por dias a divulgação dos cabeças-de-lista do PS e da coligação PSD/CDS-PP pelo círculo da Guarda às próximas legislativas. Ao que tudo indica, os primeiros lugares das listas deverão ser novamente ocupados por elementos estranhos às secções locais. É a regra do “paraquedismo” novamente replicada.

O PS parece viver dias complicados para escolher o seu candidato na Guarda após o desastre eleitoral de 2011, quando só conseguiu eleger um deputado, Paulo Campos – que já disse que não tenciona recandidatar-se ao Parlamento. Como se não bastasse, António Costa terá que proposto metade dos cabeças de lista sejam mulheres. No caso da Guarda, o nome veiculado foi o de Edite Estrela cujo marido tem raízes na zona de Vila Nova de Foz Côa, No entanto, a deputada não terá mostrado muita disponibilidade para concorrer pelo distrito. Caso esta hipótese saia gorada Pedro Marques é o nome que segue na lista de prioridades da estrutura nacional do PS. O antigo vice-presidente da bancada socialista na Assembleia da República, eleito por Portalegre há quatro anos – e que renunciou ao mandato em outubro de 2014 por motivos profissionais – não tem ligações ao distrito, mas foi secretário de Estado da Segurança Social nos Governos de José Sócrates e calcorreou a região «para inaugurar centros de dia e lares, ou atribuir subsídios», disse a O INTERIOR fonte do PS.

Um passado que, para alguns socialistas, é um «ativo eleitoral em potência» num distrito envelhecido e onde as IPSS têm peso. A questão é saber se Pedro Marques estará interessado em regressar à política ativa menos de um ano depois de deixar o Parlamento. Com o primeiro lugar fora de órbita, os socialistas da Guarda fazem fila para os seguintes. José Albano Marques, Santinho Pacheco, Eduardo Brito e Joaquim Valente estão mais que disponíveis. O antigo Governador Civil está a juntar apoios, em Lisboa e no distrito, enquanto o ex-presidente da Câmara da Guarda tem movido influências na capital para integrar a lista num lugar elegível. O problema é que Valente não conseguiu muitos apoios na Guarda para entrar na corrida. Eduardo Brito também quer avançar e José Albano Marques não abdica do segundo lugar por ser presidente da Federação.

PSD e CDS em listas conjuntas

Confrontado por O INTERIOR, o dirigente escusou-se a falar em nomes e adiantou que a distrital já iniciou o processo de seleção dos candidatos. «A lista deve incluir as pessoas que melhor podem servir o distrito, que conhecem o território, as suas dificuldades e potencialidades, mas também gente em que a sociedade civil, e não só os socialistas, se revejam», disse José Albano Marques. Além disso, o responsável lembra que a imposição da quota nacional na lista da Guarda em 2011 foi uma «estratégia errada, como o provaram os resultados», pelo que espera que a direção nacional do PS não repita «os erros do passado». No PSD, o vira da formação das listas também está a agitar o partido a nível local, mas, tal como no PS, o primeiro lugar deverá ser imposto por Lisboa.

Até agora, Jorge Barreto Xavier, secretário de Estado da Cultura, é a figura mais que certa para liderar a lista pela Guarda. Ana Abrunhosa, atual presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), é outra hipótese para o primeiro lugar. Comparativamente aos socialistas, ambos têm uma vantagem: o primeiro viveu e cresceu na Guarda, a segunda é natural da Mêda, onde concorreu à Assembleia Municipal. Já o segundo lugar não deverá escapar a Carlos Peixoto, líder da Distrital social-democrata e atual deputado. Os sociais-democratas terão ainda que partilhar a lista com os centristas, mas aqui as negociações deverão acontecer em Lisboa, sendo quase certo que por cá o CDS venha a ocupar o quarto lugar. Carlos Peixoto referiu a O INTERIOR que «ainda não há decisões, apenas indicações, nada mais que isso», para a formação da lista. De resto, o dirigente lembra que o Conselho Nacional do PSD reúne na sexta-feira para definir os critérios que vão nortear a formação das listas. «Na Guarda, só começaremos a trabalhar nisso na próxima semana», adiantou Carlos Peixoto, que também não quis comentar nomes de putativos candidatos.

Luis Martins As eleições para a Assembleia da República ainda não têm data marcada, mas deverão acontecer no final de setembro ou início de outubro

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