Cinco trombones

A minha vida adulta segundo a República Portuguesa – que se iniciou em 1990, ao contrário da minha vida adulta segunda a minha mãe, que começou há poucas semanas – trouxe-me um doutoramento, dois títulos do Sporting, três empregos, quatro sobrinhos e, para acabar, cinco secos do Benfica no último domingo.
Ser sportinguista é não querer ser adepto de clubes hegemónicos envolvidos nas teias de poder e influência que promovem e facilitam o sucesso desportivo. Para as pessoas que gostam disso, há o Benfica. Mas uma coisa é ganhar pouco, outra é perder por muitos. Ser aviado com uma mão cheia de golos dos rivais da Luz pode ser comparável a perder as malas em Kuala Lumpur e o avião ser desviado para Ouagadougou. Ou seja, cada golo que entrava era como um dia extra com a mesma roupa interior na torreira da África Ocidental. Por isso, o quinto golo provocou tanto choro na equipa leonina. Era um misto de desconforto, vergonha e um cheirinho que já nem o próprio consegue suportar.
Bruno Fernandes percebeu nessa noite que andava a viajar em “low cost”, quando tem condições para ser transportado em executiva. De resto, confirmei a minha opinião sobre a frente de ataque sportinguista: Bas Dost está a ficar sem cabelo, os pais de Phellyppe precisam de aprender a soletrar. A história já mostrou várias vezes que não se pode confiar a franceses a defesa de Paris ou da baliza de Renan.
Não tirem já os bruno-de-carvalhistas a conclusão de que preferia o antigo regime autoritário só porque trouxe uns títulos no andebol e no voleibol. Também o Chile tinha bons resultados económicos no tempo do Pinochet, e nem por isso a Operação Condor me parece boa ideia.
Para a semana, há turismo na Madeira.

* O autor escreve de acordo com a antiga ortografia

Sobre o autor

Nuno Amaral Jerónimo

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