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Varoufakis despromovido. Acabaram os contos de crianças?

“Eles são unânimes no seu ódio em relação a mim; e eu dou as boas vindas a esse ódio” escreveu o ainda ministro grego no Twitter

Trata-se de uma citação de Franklin Roosevelt (1936), e foi escrito pelo ministro das finanças grego depois do Eurogrupo de sexta-feira, em Riga, onde as negociações falharam uma vez mais. O ambiente foi escaldante. Pegou fogo mesmo. Os relatos do encontro falam da fúria dos ministros com o grego. A Bloomberg refere que Varoufakis foi acusado de ser “uma perda de tempo, um jogador e um amador”. Razão: continua a não existir um acordo sobre uma lista de reformas a aplicar pelo Governo grego.

É neste contexto que Alexis Tsipras se vê obrigado a afastar Varoufakis da equipa que negoceia com os credores oficiais. Não o demite (ainda não teve força?, perguntam alguns analistas), mas com esta remodelação, o PM grego retira protagonismo e poder a Varoufakis. A equipa grega passa a ser coordenada pelo ministro-adjunto dos Negócios Estrangeiros, um discreto (e sublinhe-se o discreto) economista que é bem visto pelos credores. Ou seja Tsipras, claramente pressionado (sem dinheiro e sem tempo) teve de alterar a estratégia: ao retirar o “apoio formal” ao seu ministro pop-star, marginaliza-o e opta por um caminho mais moderado. Como escreve o Financial Times, a despromoção de Varoufakis é um claro sinal de que Tsipras percebeu que não há volta a dar. A Grécia tem de fazer concessões, como, aliás, já declarou o novo responsável da equipa grega: “Nós aceitamos que não se pode ter tudo”. Os mercados rejubilaram. A Comissão Europeia também. As taxas de juro caíram. E a Bolsa de Atenas entusiasmou-se.

Chegaram ao fim os contos de crianças? O futuro próximo o dirá. Mas… deixe-me desviar-lhe o olhar. A morte está outra vez na abertura dos noticiários das televisões. Que mundo este que todos os dias nos confronta com a tragédia.

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