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Progresso

Editorial

1. No próximo fim-de-semana comemora-se Abril. 41 anos depois, a Revolução parece distante para uns, desconhecida para outros, desamada para muitos e bem-viva na memória da tantos.

O 25 de Abril cumpriu a maioria dos pressupostos que uma revolução encerra: a transformação social, cultural e política da sociedade. E comemorar Abril é, precisamente, recordar o ponto de partida, em 1974, e ver um país diferente, para melhor. Ainda que deprimidos com todas as circunstâncias em que vivemos mergulhados, Portugal é hoje um país onde a Democracia se consolida como um estado natural, onde a Liberdade é um dado adquirido e onde as pessoas vivem com mais dignidade e qualidade de vida. Mesmo sabendo que quarenta e um anos depois não há alegria para festejar e comemorar uma data que mudou para sempre a forma como os portugueses encaram a vida pública. Mesmo ouvindo, aqui e ali, que «antigamente era muito melhor», mas não era; mesmo quando a crise e a austeridade nos levam a temer o pior, a nível individual e coletivo; mesmo quando a história nos mostra que foi precisamente na ressaca de períodos de crescimento, seguidas de crises profundas, a que sucederam conflitos socias e políticos que desaguaram na instalação de regimes ditatoriais e nepotistas e ao emergir de déspotas; mesmo assim, com todas as ameaças em que mergulhámos nestes tempos de crise, «agora ninguém mais cerra/as portas que Abril abriu!» (Ary dos Santos). Mas temos de estar vigilantes… sempre!

Há 41 anos a liberdade ganhou à censura, hoje é a Democracia que vai empobrecendo perante novas formas de admoestação e repressão ao direito a informar e a ser informado – numa desvirtuação perigosa. Nestes tempos de empobrecimento e crise, a liberdade de expressão vai sendo dobrada perante a força do dinheiro e poder que, utilizando a fragilidade da economia e a debilidade das empresas de comunicação social, vão oprimindo e controlando tudo o que podem. Nos jornais vivem-se dificuldades extremas, que têm mais a ver com a falta de mercado do que com a fuga de leitores para novos suportes e, em consequência, vai sendo cada vez mais difícil a prática de jornalismo – determinante para a liberdade e a qualidade da Democracia.

2. Abril também é progresso e desenvolvimento – aliás, o progresso era um dos pressupostos da Revolução dos Cravos. Por isso, é bom saber que as promessas eleitorais ainda são para cumprir. E é bom saber que uma das “bandeiras” de Álvaro Amaro quando se apresentou como candidato à Guarda foi a promessa de que iria retirar os camiões dos bairros da cidade. A presença constante de veículos de carga, em especial ao fim-de-semana, estacionados nas vias urbanas é uma irregularidade para a qual há muitos anos os cidadãos da Guarda exigiam solução. Chega com atraso. Mas chega! Finalmente foram criadas condições para obrigar os motoristas e empresas a estacionar os camiões em local apropriado.

Luis Baptista-Martins

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