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Novas evidências

Bilhete Postal

Opções de um mundo cheio de novas evidências. A opção do filho cheio de doenças que cuida a velha mãe. A mãe de seis filhos que vive só e morre única, esquecida um mês inteiro, tombada para trás, num sofá caixão. A filha tão gorda confinada ao quarto, que a mãe alimenta com medo que morra de fome. O filho adotivo que, endoidecido, mata a mãe, que afinal nunca o foi. O enterro das cinzas da avó que se faz no monte: a avó voa dispersa por todo o lado e também se cola nos lábios. Ama o cão enquanto descuida o filho que chora de fome. Os pais que falam ininterruptamente no restaurante esquecendo a tolerância menor das crianças. As crianças choram. O abandono do pai na porta do hospital quando vão de férias. Soltam o cão na mata distante porque deixaram de ter um jardim. O cão que se aninha junto da maca do velho deixado na porta da Urgência. A urgência que adota os dois desconhecendo a origem diversa. A filha que chama da janela porque a mãe que a engordou morreu na sala. Ela não passa na porta. Cinco filhos da mãe morta só vão buscar o pai ao Hospital e ficam com o cão. O filho doente vai cuidar do pai. O cão descobre o quarto da filha gorda que está presa. O filho sem mãe que matou uma mulher que lhe deu de comer, pede para falar com a esposa. É uma gorda a quem a mãe só deu de comer. Os pais do restaurante são irmãos da gorda que foi mulher do assassino. A irmã do meio ficou sem os filhos porque na escola percebiam que não lhes dava de comer. Andava sempre com um cão gordo.

Por: Diogo Cabrita

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